Um conceito muito usado atualmente é a “Economia da Atenção”, que sustenta a ideia de que existem limites para a capacidade humana de pensar e realizar múltiplas ações simultaneamente. Em uma era da tecnologia avançada, inteligência artificial e streamings, dividir a atenção entre várias opções é uma tarefa complicada, inclusive para aqueles que consomem o esporte mais popular do mundo: o futebol.
Com a urgência de transformar o futebol em um esporte mais dinâmico, menos previsível e que possa atrair o público em geral, surgiu a ideia da Kings League, criada pelo ex-zagueiro espanhol, Gerard Piqué Bernabéu e o streamer ibai llanos, em conjunto com o grupo Kosmos Capital Holdings (Pvt) Ltd, liderados por Oriol Queirol, que acredita que o futebol deve ser mais curto e precisa adotar recursos de videogames, e-sports streaming e reality shows para atender os telespectadores em seu habitat natural. O CEO também citou que a ideia é transmitir tudo de antes, durante e depois dos jogos, permitindo um “acesso total” onde os espectadores podem ouvir o que os árbitros e os jogadores estão dizendo.
A Kings League é uma competição de futebol de 7, com regras diferentes e dois tempos de 20 minutos cada, sendo que cada etapa começa com um goleiro e um jogador de linha para cada lado e os demais vão entrando a cada minuto que passa. O jogo mais dinâmico e a interação com o público entre streamers e jogadores também é um grande diferencial da Kings League.
Em sua primeira edição, a competição contou com a GX3, equipe presidida por Gaules, o maior streamer brasileiro e um dos maiores do mundo, e a FURIA, uma das maiores equipes de e-sports do mundo, que é apoiada por Neymar e conta com a presença de Falcão do Futsal e o streamer Allan “Estagiário”
De acordo com a Twitch, foram mais de 83 milhões de espectadores ao redor do mundo e o perfil oficial da Kings League contou 10.758.239 visualizações durante o torneio. Gaules e a G3X FC atingiram quatro milhões de visualizações simultâneas totais, somando todos os jogos da competição, além de 90 milhões de impressões em todas as plataformas.
Com mais de 13 milhões de seguidores nas plataformas sociais, 82 milhões de visualizações no Tiktok e 80 milhões de horas de conteúdo assistidas, a Kings League já é um sucesso.
Recentemente a Kings League arrecadou US$ 65 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela investidora de capital de risco Left Lane Capital e pela Fillip, holding focada em esportes e entretenimento, que pretende apostar no lançamento de ligas domésticas na Europa, América do Norte e Brasil ainda neste ano e em 2025, além da expansão para a Ásia em 2026.
O CEO da Left Lane Capital, disse que a Kings League é o palco dos melhores jogadores de futebol de sete do mundo e criou uma cultura para manter os fãs entretidos em cada momento da partida, e ressaltou que essa oportunidade aparece uma vez a cada um milhão de chances e recusar essa investida não estava nos planos. Além disso, afirmou que Piqué está construindo um ecossistema global de entretenimento esportivo que devolve o jogo aos fãs e, ao mesmo tempo, capacita os principais criadores do mundo a construir franquias esportivas exclusivas com sua própria identidade.
A investidora já é familiarizada com algumas empresas de esporte, sendo uma delas brasileira, o Rei do Pitaco, a maior empresa de fantasy esportivo da América Latina, com sede em São Paulo. Com um vasto conhecimento na área de investimento esportivo, a proposta de investimento na Kings League foi facilmente aceita.
A principal fonte de renda da Kings League são os contratos de patrocínio de empresas como Adidas, Spotify, McDonalds e InfoJobs, que representam 90% das receitas do projeto.
Criação de outras ligas:
A transmissão da Kings League via Youtube e Twitch não foi novidade para o brasileiro, que já é acostumado a assistir outros torneios de futebol não profissional via streaming, como por exemplo, a SuperCopa Desimpedidos e a Copa Acerj (torneio entre jornalistas ).
A SuperCopa Desimpedidos é um sucesso desde o seu surgimento há 7 anos. A última edição teve a final realizada no Pq São Jorge, onde mais de 150 milhões de pessoas assistiram a partida simultaneamente no Youtube e contou com o patrocínio da Nike, que vendeu, em 3 horas, todos os uniformes usados pelos influencers durante a competição.
Já a Cazé TV foi responsável por transmitir os seus próprios jogos da Copa Acerj e ultrapassou a marca de 170 mil aparelhos conectados simultaneamente no YouTube, além de mais de 50 mil na Twitch com a mesma transmissão.
Outra copa que vem ganhando seu espaço e audiência é a Copa do Condado, torneio entre as empresas do mercado financeiro em São Paulo, que vai para sua 4a edição em setembro deste ano, e já possui lista de espera de equipes interessadas em participar. Com transmissão irreverente e bom conteúdo, a Copa do Condado traz novidades em termos de canais para a edição que começa em breve.
A OutField Inc. é a nova parceira do Market Makers na organização do campeonato e promete deixar o produto ainda mais atrativo para espectadores e patrocinadores.
Em um momento onde a conexão de atletas com seus fãs enfrenta mais barreiras do que foi no passado, a Kings League e a criação de novas ligas, mostra que ainda há espaço para uma boa interação do público promovendo informalidade e criatividade através de um bom conteúdo dentro das plataformas digitais.