Mesmo em um mercado bilionário, a falta de planejamento e a falta diversificação de receitas mantém clubes no vermelho. Entenda o porquê.
No futebol brasileiro, a lógica do improviso ainda dita as regras fora das quatro linhas para muitas organizações. Mesmo com um mercado que movimenta bilhões por ano, a instabilidade financeira continua gerando salários atrasados, dívidas que crescem ano a ano e estruturas frágeis que transformam os clubes em reféns de si mesmos. É um cenário que em primeira análise pode parecer controverso, mas que, na prática, traduz a realidade da maioria dos clubes com modalidades esportivas profissionais no Brasil.
Repetindo-se em diferentes divisões, essa situação acontece pelo fato de os clubes ainda apostarem na concentração excessiva de receitas em poucas fontes de renda, na maioria dos casos. E essa baixa diversificação de aquisição de receitas gera uma cultura de gestão pouco conectada à realidade do esporte como ativo econômico. Isso porque a maior parte da receita segue atrelada a direitos de transmissão, bilheteria, patrocínio e venda de atletas — todas fontes altamente voláteis e dependentes da performance esportiva. E quando o jogo em campo não ajuda, o que se vê fora dele é uma corrida para cobrir buracos com soluções de curto prazo, como empréstimos com juros altos, adiantamentos de contratos futuros ou vendas apressadas de ativos estratégicos. Essa lógica, além de insustentável e comprometedora, limita o crescimento. E é justamente aí que entra a urgência de pensar diferente.
É por isso que hoje, diversificar fontes de receita, adotar inteligência estratégica na gestão financeira e profissionalizar processos não são apenas boas práticas, são condições de sobrevivência. O clube que não entende isso está fadado a viver no vermelho. Não por falta de dinheiro, mas sim pela falta de planejamento e governança. O núcleo Strategies da OutField tem atuado diretamente com clubes que decidiram mudar esse jogo mapeando riscos e oportunidades, redesenhando modelos de negócio e implantando práticas de governança que permitam operar com mais eficiência, transparência, previsibilidade e, sobretudo, autonomia. E estes são apenas alguns exemplos de abordagens e serviços que contribuem para repensar a relação entre gestão esportiva e estrutura financeira. À medida que vamos estudando a realidade de diferentes clubes e concebendo novas soluções, nos deparamos com caminhos inexplorados e desenvolvemos soluções arrojadas que contribuem para ampliar os horizontes da indústria num todo. Um bom exemplo disso é o FIDC Futebol — novo veículo financeiro elaborado pela Outfield Ventures — , um fundo de R$100 milhões criado para viabilizar a antecipação de receitas futuras de maneira estruturada, que auxilia os clubes que o acessam a ganharem fôlego para investir no presente sem comprometer o futuro ou suas condições competitivas.
O ponto central, porém, ainda é a visão de quem está no comando dessas organizações. Agentes que, daqui para a frente, deverão reconhecer o mais rápido possível que o futebol precisa ser tratado como um ativo econômico, a fim de desenvolver uma visão de longo prazo, que preza pela inovação da geração de receitas e construção de legado. Afinal, quando o dinheiro entra no jogo de maneira estratégica, com inteligência e propósito, ele deixa de ser um problema e passa a ser uma ferramenta de transformação esportiva e administrativa.